terça-feira, 2 de junho de 2009

CASAMENTO - I

Enlace. União. Coabitação. Família.
ou
ENCONTRO?...

Actualmente, o casamento entra no nosso entendimento e "soa-nos" de duas maneiras opostas e bem distintas.

- Como música para os nossos ouvidos.
- Como epitáfio para a nossa "vida".


Para os que se encontram na 1ª opção é:
  • um ideal romântico ou romantizado, até à realidade;
  • ou, como "algo" a que sentem um apelo profundo onde tudo se consubstancia e torna força motriz para a sua vida e existência. (Seja por movimento de dependência, ou por movimento de impulso a uma união em Amor que Liberta).

Para os que se encontram na 2ª opção é:
  • um ideal romântico que correu mal.
  • uma dor lancinante por lealdade a memórias familiares/amigos, etc.
  • não quero ter filhos. (como se as duas coisas fossem, inseparáveis).

Hoje em dia procura-se cada vez mais a satisfação pessoal, do que um encontro.

Temos tendência a confundir Amor com desejo e paixão com "fusão".

Amor, sexo, paixão e prazer fundem-se numa linguagem e busca que quando corre mal, servem como arma de "arremesso" para uma "satisfação íntima" que se esgotou.
Eu não lhe agrado? Porquê?
Não gosta de mim? Que mal eu fiz?
Pensei que me falavas a verdade.
A satisfação passou a ser o "mote"; a realização, o sonho.
Quantos casamentos se esgotam após a lua-de-mel?
O que me aproxima ou afasta, do outro?
Estarei eu, lá?
Sim?.
Não?...
O sentido de posse e o sentido de pertença, não se misturam.
São vínculos diferentes.
Possuir o outro em mim, não é o mesmo que "pertencer ao outro".
Possuir o "outro", é a necessidade de não deixar o outro fugir para que os meus anseios possam realizar-se. E isto pode ser conseguido de muitas formas.
  • Sedução ...
  • Chantagem - física, emocional, psicológica, financeira, etc.
  • Ciúmes - Sim, ciúme não é prova de amor, é mostra de desamor próprio.
  • Vínculo a uma Imagem interior que temos sobre parceiro ou, relação.
  • etc...

Pertencer ou outro, é outra coisa...

Pertencer ao outro é um vínculo por afinidade, onde pertencer engrandece e faz sentir livre para amar. Tomar e receber do outro em igual harmonia e completude. Em profunda consideração pelo outro e por si mesmo. Onde objectivos e propósitos íntimos, interagem harmoniosamente.

O sentido de pertença mútua é um encontro que transcende a compreensão lógica. Mas para os próprios, é, um ENCONTRO "previamente separado" no céu.

Quando os dois, sentem o mesmo, pode ser, ... assustador.
Invulgar. Rasga todas as ideias e convenções. Lealdades e imagens internas que tínhamos como que asseguradas como, verdadeiras. É um desfazer de estruturas previamente elaboradas para dar resposta consentânea com os nossos receios, medos...

Por isso, podemos levar tanto tempo a viver em estruturas pré-concebidas que desviam-nos do que é, verdadeiro, para tentar fugir ao que sabemos, ser VERDADE e ao mesmo tempo, corresponder aos anseios dos outros e das imagens, em que nos vemos a viver uma realidade que de facto, não é a nossa.
Quando nos "apercebemos" disso, podemos então escolher:
  1. Permanecer; com medo de viver de acordo com uma escolha interna mas que é, insegura (a liberdade é sempre insegura - ainda não sei porque escolhemos passar a maior parte da nossa vida a "tentar" segurar a Liberdade) e passar a vida a remoer.
  2. Dar um "coice" na situação, pensando livrarmo-nos dela. Regra geral para, mais à frente, voltarmos a revivê-la achando que já a resolvemos, sem perceber porque é que depois, vai dar no mesmo. Às vezes destruindo, ainda mais, as nossas estruturas internas.
  3. Sair. Largando as estruturas que temos. Abraçando a vida, acolhendo-a com o que tem para nós e dando em igual profusão.
Simples?... e é, quando compreendemos que seguir a verdade, que o nosso íntimo apela, realiza-nos a níveis mais profundos. E desse sentir realizado, tudo, mas TUDO mesmo, torna-se possível.
Quando dois seres se encontram, recriando-se num reconhecimento mútuo em igual profusão amorosa, é "o momento" para decidir que "caminho"(?) seguir.

ENCONTRO é a 1ª parte do tema CASAMENTO [aqui] que serve como reflexão e abordagem para o Workshop de Constelações Sistémicas e Familiares a realizar dia 14 de Junho, em lisboa.
Att.

Luis Viegas Moreira

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