segunda-feira, 30 de março de 2009

Ponto de Dôr . Ponto de Amor

À primeira vista, parecem tão distantes um do outro como o inferno do céu. Principalmente se aceitarmos que Inferno e Céu são "imagens" que divergem uma da outra para o seu oposto. Assim: ponto de Dôr igual a: Inferno; e ponto de Amor igual a: Céu, ou Paraíso. Esta é uma visão pictórica bem tradicional, profundamente enraizado na nossa cultural ocidental cristã.

A visão dual, é uma visão de opostos que se extremam. O bem e o mal. Ou seja, ou és bom, muito bom, ou és mau, MUITO mau. O clássico de Bestial a Besta; ou, de Sapo a Principe.

Muito se tem escrito sobre a mudança e a transformação, de uma superação de algo muito mau, em algo muito bom.
A Humanidade está cheia de exemplos de superação e o contentamento que sentimos por podermos viver essa experiência.
E podemos vivê-la por nós, ou através daqueles com que nos identificamos como próximos ou temporariamente acolhidos como tal. Porque convém não perder a esperança de algo próximo que possamos tocar e tornar real, uma victória(!) quando se lida diariamente com o pessimismo e o derrotismo de uma vida muito pesada/carregada, da qual não vemos solução, luz, nem fim à vista.

É tudo muito DIFICIL.
E é tudo muito dificil porque não queremos, LARGAR.
Temos medo de largar o que conhecemos, mesmo sabendo que é mau; como se tivéssemos, inclusivé, de sofrer alguma expiação por actos, nossos ou de outros, no passado, ou até mesmo no futuro e que já determinámos, antecipadamente.

Não há forma de sairmos disto?

Para quê, tanto medo?

Bom, desde que nascemos que aprendemos a ter medo. Pelos nossos pais, irmãos e familiares que por medo "por nós" (ao pretenderem "desviar-nos" do "perigo", ou porque incapazes de lidar com a sua própria dôr, no-la "despejam" para cima), nos metem medo, ameaçam, fazem chantagem... etc, etc, etc. ...

Aprendemos a carregar por amor aos outros, com o seu medo. E passamos a vida, toda, oscilando entre dois pontos: a carregar e a viver com medo, ou a querer soltá-lo, recorrendo às mais extremas situações (sempre com muita adrenalina). E quando não chega, vamos para um campo de futebol (por exemplo), gritar para que OUTROS vinguem os nossos medos de (des)ilusão e frustração. Ou descarregamos nos que em primeiro lugar surgem à nossa frente.

E passamos a vida nisto. Com cada um a procurar e encontrar, o seu modus operandi .

Ao longo do trabalho com grupos e atendimento individual, na procura de respostas com solução, para problemas deste teor, constato sempre o mesmo.
Em todos nós, sem excepção, houve um momento, um clique, algures na nossa primeira infância (que nos fez perder a "alegria" na vida e) em que o "medo" entrou, pela primeira vez.
Esse momento pode estar presente em nós, ou não. Por isso procuramos, e cada vez mais, terapias regressivas por hipnose ou meditação, para, precisamente, encontrarmos esse momento, em que ficou registado para todo o sempre, O NOSSO PONTO DE DÔR. O mais "engraçado", é que esse momento dá-se, porque pela primeira vez, aceitamos acolher a dôr de um outro. E fazêmo-lo SEMPRE por AMOR. Seja qual fôr a causa, o motivo, ou quem o faça, nós acolhêmo-lo, aceitamo-lo, por Amor. Porque a única "coisa" que uma criança tem, é Amor. Até ao momento em que acolhe e recebe, o seu "ponto" de Dôr; o qual, TODOS, procuramos livrar-nos, ao longo de toda a nossa vida.
Alguns chamam a este ponto de dôr, Kharma. Outros, culpa dos pais ou de quem o fêz, etc, etc, etc ... cada qual arranja os seus mecanismos para lidar com isso e a sociedade, outros mais e isso, não serve para nada! Não resolve nada! É mais dôr sobre dôr.



O ponto de Dôr É o ponto de Amor.


Na época Grega Clássica, houve um filósofo, Heraclito, que defendia a "união dos opostos", como um movimento de complemento. Guerra - Paz; Amor - Ódio; Tristeza - Alegria; etc...

No periodo pré-Imperial da China desenvolveu-se uma idéia de retorno, ou mutação, ao seu princípio, baseado no ciclo do dia, da lua, das estações do ano, etc ...

A Natureza procura sempre um equilibrio na união do Yin e do Yang, o arquétipo andrógeno.

Mas, o ponto de partida, o ponto de contacto é sempre, o Homem.

O Homem observa, regista, avança, recua e volta sempre a ele mesmo, na procura de todas as respostas. Quanto mais fora, mais longe. Quanto mais "dentro", mais próximo.

A abordagem, ou visão Sistémica, através das CONSTELAÇÕES, propõe precisamente o encontro com o ponto de dôr (o primeiro/original de preferência, pois a partir do primeiro emanaram todos os outros). Ao contactar, conectar, esse ponto de Dôr, permitir que se revele o que o originou e sua procedência e a partir dai, redireccioná-lo, harmoniosamente e em total concordância e aceitação de todas as partes presentes e envolvidas, para o Amor.

Importante:

Só é possivel que uma dôr tão profunda e enreigada em nós deixe de o ser, quando a aceitarmos. Aceitar que não é nossa! Que a acolhêmos, por Amor. E que a queremos e aceitamos, LARGAR. Mas aceitar largar para não mais voltar a ter de ser justificada. Sempre que a justificamos, novamente, voltamos ao lugar de Dôr e a tocar e sentir, puxar para nós o que, supostamente, não queremos. Não é?

(Essa é a responsabilidade que cada um pode e tem de assumir para consigo mesmo e SÓ para consigo mesmo. De nada serve passar isso para outro/a(s). Se o fizer, a dôr continua lá e a oportunidade de mudança, à espera).

O ponto, é o local de "toque". Onde decidimos, na imensa vastidão que compõe todos os "aspectos" do Homem, acolher a nossa missão de vida. O nosso propósito. A partir daí, "TUDO" gira à volta disso.

Ao redireccionar esse local de toque, o ponto de contacto, da Dôr para o Amor, abrimos a porta para toda uma nova existência.

Com uma vida, completa e totalmente, nova!


Do que é que estamos TODOS à espera?




quarta-feira, 25 de março de 2009

O ESSENCIAL É SIMPLES .

Como Bert Hellinger e outros Filósofos, o dizem.

E dizem, porque o que é essencial à vida, é, de facto, simples.

Mas para que "a coisa" não seja assim tão fácil, "surge", o Homem.

O Homem, não é simples. Talvez por isso é que passa a vida inteira a tentar simplificar a sua vida. Como não sabe, só complica. Para ajudar à festa, vem a mulher. O lado emocional (e emocionante - emotivo) da acção, o que acolhe a criação.
A mulher, ou lado feminino, traz um elemento altamente perturbador para a simplificação das "coisas". As emoções.
As emoções toldam por completo o raciocínio mais elevado. Puxam-no para baixo, de encontro a um turbilhão sem nexo ou direcção. O Homem que já tentou explicar algo a uma mulher que ela não entende, só obtém duas respostas. Gritos, de incompreensão, ou choro; porque dói "ver". Quando não, os dois. O mesmo sucede quando um homem entra numa expiral depressiva. Por isso é que só um Homem, desapegado, desse turbilhão, consegue manter-se à tona e levar a aceitação a uma mulher. Eu não disse compreensão.

- [Num estado de turbilhão emocional não há lugar à compreensão. A mulher (ou um homem em estado depressivo) só consegue aceitar ser "guiada", embora não compreenda, "o porquê". Quando o homem persiste para lá das suas capacidades, em tentar explicar algo, entra em frustração e aí, dão-se os "acidentes"].

Todavia, as emoções bem direccionadas para propósitos mais elevados que a própria compreensão de algo, ou a uma aceitação, transportam o Homem a níveis de desprendimento do "complicado". Quando as emoções deixam de ser um problema, o Homem encontra uma paz interior, porque já não vive em conflito consigo, com os outros e com o Mundo em que vive.

É através deste turbilhão de emoções que somos todos chamados a, largar, atravessar, que o Homem pode almejar encontrar-se. O processo práctico é retermo-nos no que é essencial, sem dramas, simplificando processos e a vida. A compreensão virá por meio da aceitação. A isto chama-se, vulgo: "salto de fé".

A única forma que há, de sair de um conflito com as "emoções", é propor um salto para um nível onde esse turbilhão de emoções, já não tem cabimento. Aí dá-se, "um espanto"! Só perante uma realidade mais elevada, essas emoções se esbatem e caiem, por si mesmas. A isto chama-se de: "elevar o tom de vibração".

Tal como o som de um instrumento, à medida que se sobe na escala, o som vai tornando-se mais cristalino. Puro. Ausente de vibrações (parasitas) escuras. É dessa pureza cristalina que vem o apelo a um encontro harmónico, entre o "ser"e o seu, mais profundo, "eu".

Para nos retermos, em cada momento no que é essencial, é necessário estarmos, sempre, no momento presente. Viver o presente no estado, "ser e estar presente" ao mesmo tempo, a cada momento. Onde não há emoção, nem razão. Sem memórias. Sempre que o fazemos, simplificamos a vida. O nosso "olhar" não está carregado de todas as coisas passadas, do passado e das suas subjectividades, expectativas, ânsias, desejos, objectivos, projectos, necessidades, julgamentos, opiniões e de todas as outras coisas - a lista é interminável - que carregamos sempre connosco e que procuramos harmonizar para levarmos uma vida mais, ... leve(?).

A outra forma de retermo-nos no essencial das coisas em si mesmo, é: embora tendo "consciência de TODAS as coisas" não permitir que elas influam em algo.

Por quanto tempo o conseguimos fazer?

Um? ... Dois? ... Três? .... Quatro(?) ... Cinco(?) ... SEGUNDOS?

Ora experimentem...

Se fosse assim tão fácil, não precisaríamos de meditar (pois não?) e procurar mil-e-uma técnicas para atingir esse estado de "ser e estar presente".

Onde o essencial, a cada momento, é simples.

segunda-feira, 23 de março de 2009

REFLEXÕES

Neste ano de 2009 tenho notado uma mudança efectiva no comportamento das pessoas. Vejo-as mais desesperadas, alienadas, alucinadas, cada vez mais fora e menos dentro. A busca, quase desesperada, de uma resposta que traga paz às suas vidas. Contudo, vejo-as a procurarem as mesmas coisas, para obterem respostas diferentes. Se não são as mesmas coisas, são coisas diferentes procuradas da mesma forma. Resultado? Reforço da ilusão.

Quando à noite nos deitamos e rezamos aos anjinhos e ao levantar aos mestres, sinceramente, que resposta pretendemos obter?

Hoje em dia fala-se muito em, "luz".

Toda a luz que existe na vida, é luz reflectida. A luz directa, directamente do sol, essa, não a conseguimos olhar. Temos de fazer um esforço tremendo e só através de lentes especiais. Assim, resta-nos olhar para o seu reflexo e acreditar ser o original. Então, andamos de reflexo em reflexo, à procura do "eu", em cada outro.

O que é que esperamos obter?

"O outro devolve-me o que preciso de resolver em mim"; como se a terra reflectisse a luz ao sol para "ele" ver como "ele" é.
O que a terra devolve ao sol é o resultado do efeito do que um tem sobre o outro e a isto chama-se "efeito ressonância" Porque a luz do sol cai sobre "zonas" diferentes do planeta, logo o planeta vibra de volta efeitos de luz diferentes. A ressonância dá-se por vibração.

A vibração dos elementos e dos corpos.

Os outros, devolvem-nos aquilo que deles, em nós, não está resolvido. É por isso que andamos aos empurrões. Quando encontramos alguém que não ressoa com a nossa "dor", porque mais diluída ou ausente, sentimo-nos em paz.


Quantas vezes, ao dia, é que dizemos algo realmente verdadeiro? Honestamente?
E o que obtemos realmente em resposta a essa verdade que acabámos de transmitir? É realmente "verdade"?

Tenho ouvido muitas pessoas a dizer que devia haver mais amor na vida. Porquê? Porque a verdade é a dor. A que trazemos, a que é nossa e a que, dos outros, vamos atraindo. E atraímos porque em nós ela vibra como um campo de atracção. Não, quando, raras vezes, sabemos no que nos estamos a meter e não deixamos de o fazer. Porquê? Porque ressoa. E para não ressoar tem de ser limpo. Liberto do que o cria.

Ai o amor, esse inestimável valor que procuramos incessantemente como propósito único e maior de uma felicidade incomensurável, só existe, no silêncio.


Por isso, façam-me um favorzinho ...