À primeira vista, parecem tão distantes um do outro como o inferno do céu. Principalmente se aceitarmos que Inferno e Céu são "imagens" que divergem uma da outra para o seu oposto. Assim: ponto de Dôr igual a: Inferno; e ponto de Amor igual a: Céu, ou Paraíso. Esta é uma visão pictórica bem tradicional, profundamente enraizado na nossa cultural ocidental cristã.
A visão dual, é uma visão de opostos que se extremam. O bem e o mal. Ou seja, ou és bom, muito bom, ou és mau, MUITO mau. O clássico de Bestial a Besta; ou, de Sapo a Principe.
Muito se tem escrito sobre a mudança e a transformação, de uma superação de algo muito mau, em algo muito bom.
A Humanidade está cheia de exemplos de superação e o contentamento que sentimos por podermos viver essa experiência.
E podemos vivê-la por nós, ou através daqueles com que nos identificamos como próximos ou temporariamente acolhidos como tal. Porque convém não perder a esperança de algo próximo que possamos tocar e tornar real, uma victória(!) quando se lida diariamente com o pessimismo e o derrotismo de uma vida muito pesada/carregada, da qual não vemos solução, luz, nem fim à vista.
É tudo muito DIFICIL.
E é tudo muito dificil porque não queremos, LARGAR.
Temos medo de largar o que conhecemos, mesmo sabendo que é mau; como se tivéssemos, inclusivé, de sofrer alguma expiação por actos, nossos ou de outros, no passado, ou até mesmo no futuro e que já determinámos, antecipadamente.
Não há forma de sairmos disto?
Para quê, tanto medo?
Bom, desde que nascemos que aprendemos a ter medo. Pelos nossos pais, irmãos e familiares que por medo "por nós" (ao pretenderem "desviar-nos" do "perigo", ou porque incapazes de lidar com a sua própria dôr, no-la "despejam" para cima), nos metem medo, ameaçam, fazem chantagem... etc, etc, etc. ...
Aprendemos a carregar por amor aos outros, com o seu medo. E passamos a vida, toda, oscilando entre dois pontos: a carregar e a viver com medo, ou a querer soltá-lo, recorrendo às mais extremas situações (sempre com muita adrenalina). E quando não chega, vamos para um campo de futebol (por exemplo), gritar para que OUTROS vinguem os nossos medos de (des)ilusão e frustração. Ou descarregamos nos que em primeiro lugar surgem à nossa frente.
E passamos a vida nisto. Com cada um a procurar e encontrar, o seu modus operandi .
Ao longo do trabalho com grupos e atendimento individual, na procura de respostas com solução, para problemas deste teor, constato sempre o mesmo.
Em todos nós, sem excepção, houve um momento, um clique, algures na nossa primeira infância (que nos fez perder a "alegria" na vida e) em que o "medo" entrou, pela primeira vez.
Esse momento pode estar presente em nós, ou não. Por isso procuramos, e cada vez mais, terapias regressivas por hipnose ou meditação, para, precisamente, encontrarmos esse momento, em que ficou registado para todo o sempre, O NOSSO PONTO DE DÔR. O mais "engraçado", é que esse momento dá-se, porque pela primeira vez, aceitamos acolher a dôr de um outro. E fazêmo-lo SEMPRE por AMOR. Seja qual fôr a causa, o motivo, ou quem o faça, nós acolhêmo-lo, aceitamo-lo, por Amor. Porque a única "coisa" que uma criança tem, é Amor. Até ao momento em que acolhe e recebe, o seu "ponto" de Dôr; o qual, TODOS, procuramos livrar-nos, ao longo de toda a nossa vida.
Alguns chamam a este ponto de dôr, Kharma. Outros, culpa dos pais ou de quem o fêz, etc, etc, etc ... cada qual arranja os seus mecanismos para lidar com isso e a sociedade, outros mais e isso, não serve para nada! Não resolve nada! É mais dôr sobre dôr.
O ponto de Dôr É o ponto de Amor.
Na época Grega Clássica, houve um filósofo, Heraclito, que defendia a "união dos opostos", como um movimento de complemento. Guerra - Paz; Amor - Ódio; Tristeza - Alegria; etc...
No periodo pré-Imperial da China desenvolveu-se uma idéia de retorno, ou mutação, ao seu princípio, baseado no ciclo do dia, da lua, das estações do ano, etc ...
A Natureza procura sempre um equilibrio na união do Yin e do Yang, o arquétipo andrógeno.
Mas, o ponto de partida, o ponto de contacto é sempre, o Homem.
O Homem observa, regista, avança, recua e volta sempre a ele mesmo, na procura de todas as respostas. Quanto mais fora, mais longe. Quanto mais "dentro", mais próximo.
A abordagem, ou visão Sistémica, através das CONSTELAÇÕES, propõe precisamente o encontro com o ponto de dôr (o primeiro/original de preferência, pois a partir do primeiro emanaram todos os outros). Ao contactar, conectar, esse ponto de Dôr, permitir que se revele o que o originou e sua procedência e a partir dai, redireccioná-lo, harmoniosamente e em total concordância e aceitação de todas as partes presentes e envolvidas, para o Amor.
Importante:
Só é possivel que uma dôr tão profunda e enreigada em nós deixe de o ser, quando a aceitarmos. Aceitar que não é nossa! Que a acolhêmos, por Amor. E que a queremos e aceitamos, LARGAR. Mas aceitar largar para não mais voltar a ter de ser justificada. Sempre que a justificamos, novamente, voltamos ao lugar de Dôr e a tocar e sentir, puxar para nós o que, supostamente, não queremos. Não é?
(Essa é a responsabilidade que cada um pode e tem de assumir para consigo mesmo e SÓ para consigo mesmo. De nada serve passar isso para outro/a(s). Se o fizer, a dôr continua lá e a oportunidade de mudança, à espera).
O ponto, é o local de "toque". Onde decidimos, na imensa vastidão que compõe todos os "aspectos" do Homem, acolher a nossa missão de vida. O nosso propósito. A partir daí, "TUDO" gira à volta disso.
Ao redireccionar esse local de toque, o ponto de contacto, da Dôr para o Amor, abrimos a porta para toda uma nova existência.
Com uma vida, completa e totalmente, nova!
Do que é que estamos TODOS à espera?
3 comentários:
Concordo totalmente. A esse ponto do despertar em que se toma a consciência do que está na base das atitudes de medo, chamo de "momento da intenção". Em que, tal como por um momento de dor se abraçou uma fantasia do que não era seu, num momento de amor por si próprio se recupera novamente a integridade e a totalidade de quem se é.
Obrigada pelas tuas chamadas de consciência, sempre oportunas, Luis.
Tudo de bom!
"os acasos de que acasos não têm nada", leio as tuas reflexões dias depois de ler estudos metafísicos dos quais vou partilhar algumas frases:
Os antigos filósofos viam a matemática e a geometria como algo sagrado, uma meditação sobre o Um Metafísico...O que era o início?O que tinha o início?Início de quê?Início em qual universo?Mas no universo tridimensional, sob a responsabilidade...do tempo, houve um início. No início era a Força, o Não Manifesto, sem dimensão, sem tempo,sem espaço.Mas a Força tem de se manifestar no Tudo,já que Tudo ela contém. Para que esta Força saia da ausência de dimensão e se revele, ela precisa de um PONTO de Partida. O nosso amigo Ponto.Já pensaram o que é um Ponto?
O Ponto não tem dimensão, tempo ou espaço, mas é necessário para a manifestação. Contém a Unidade,o foco de um círculo cujo centro está em todo o Lugar e cuja circunferência está em lugar nenhum.
Fica no sentir daquele que ler interligar os sentidos das tuas reflexões e estas frases metafísicas...
Aquele que procura o seu Ponto que o faça com amor, de coração aberto e mente limpa...esses são os passos seguros para o tão Esperado Encontro
Outro dia ouvi em canalização:
"-Não é só uma questão de limpeza, mas de mudança real de padrão. Se o padrão antigo continua instalado, porque o mantem dentro de vocês,não haverá alteração.Uma coisa são as alterações na vossa biologia, outra coisa são as da personalidade. Assim que integrarem esta consciência superior, assim as coisas evoluirão positivamente. O ego tem de aceitar,pois nada acontecerá à revelia do ego que não se entregou. Esta é a explicação da maior parte dos vossos problemas...Essa é a chave da entrega total"
No Encontro do Ponto até pode lá estar a Dor, mas esta é para ser honrada sem culpas, sem julgamentos, consequentemente iliminando o Medo. E é aí nesse Ponto que se centra o final de tudo o que não nos faz falta e começa a consciência de quem somos.
LARGAR O MEDO é o segredo da chave...TER FÉ no branco das páginas do caminho à nossa frente é abrir a porta.
Obrigado querido Luís pelo companheirismo nesta viagem
Abraço infinito
Errata - no texto anterior onde se lê "iliminando" deve ler eliminar...
sorry
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