Ao longo da minha vida tenho visto muita coisa a desenrolar-se de forma completamente incompreensível.
Mas não recordo a última vez em que me enganei acerca do sentido/dinâmica de algo.
A tendência do Homem é a de ver tudo "à flor-da-pele" e o que vê é a verdade, ou no mínimo, a sua realidade.
Assim, desenvolvemos uma forma simplista de lidar com as coisas. Superficial, lógica, emocional, instintiva e meramente reactiva.
Olhamos para a vida e o mundo de uma a dar resposta, às nossas dores.
- cá se fazem, cá se pagam.
- olho por olho, dente por dente.
Uma resposta ao nível dos efeitos e não, das causas.
Sabemos que olhar as causas de algo requer, no mínimo, um olhar mais penetrante e agudo das circunstâncias.
Não basta olhar o que está à superfície.
é preciso mergulhar no que está oculto.
Mas isso, bem isso dá demasiado trabalho.
Que quanto se dermos vazão logo à nossa irritação, fica arrumado. Mas sabemos que é momentâneo, mas achamos que assim, a nossa parte está feita e que quem vier depois que se cuide, ou trate de resolver o "problema/questão".
Por causa desta forma de pensar, em que cada um colhe o que semeia, e atira para os outros a sua própria responsabilidade de olhar as circunstâncias de forma séria e mais profunda e que, entre outras coisas, o país chegou a onde chegou e o Homem se coloca da forma como se coloca perante o desastre, acobarda-se e enterra a cabeça na areia
"Alguém que resolva".
Só este tipo de comportamento dava para vários livros com formulas de tratamento.
Eu, vou só debruçar-me sobre um ponto: o cuidar!
Cuidar de mim, começa por, olhar e ver-me a mim mesmo.
- o que sou
- o que tenho
- o que carrego
- o quê e a quem
Se fizer isto, descubro imenso sobre mim; a minha família, os hábitos e costumes e posso, posso, começar a chegar a alguma compreensão.- o que me motiva
- os meus desejos
- as minhas ambições
- o que me realiza
- as companhias que atraio
- as que gostaria de ter e para quê
- etc, ...
No final disto tudo, posso e repito "posso" começar então a olhar em mim, as causas e o destino da minha vida.- o que tenho como missão
- o que tomei para realizar
- a que o devo
- que "cargas" trago
- a "satisfação" dessa realização
- o "timing" para a "soltar"
isto e entre outras situações, mas e ainda, estamos só no começo.
Olhamos tudo a partir de um mesmo factor.
O MEDO
O Medo é o maior inutilizador de um olhar mais profundo.
Ele remete-nos para os lugares mais sombrios da nossa existência e obriga a que nos inutilizemos e ao nosso potencial criativo.
Assim, a força de vida que podia ser usada para expressar o Amor e a espontaneidade, é utilizado para expressar o nosso medo e as nossas dores.
Por isso se diz:
- quem canta seus males espanta
e não é só o cantar, é tudo o que falamos, dizemos e contamos.Até o que pensamos, provém tudo do mesmo lugar, como o rir e o chorar. A dor, é a mesma e alimenta as duas expressões.
Há anos que me apercebi que os cânticos de louvor assim como as mais belas músicas e canções expressam dor. Medo. Angústia e separação.
Até as chamadas canções alegres têm letras de dor, ou de resgate dessa dor.
Tenho desafiado os meus familiares, amigos e clientes a que me apresentem uma canção cuja letra expresse alegria do princípio até ao fim e até agora, ninguém o fez.
Ou porque ninguém a descobriu, ou porque não a conhecem, ou, o mais plausível, porque não existe.
Então, de repente, "a coisa" tomou outra dimensão:
Não há uma única canção que do princípio ao fim expresse alegria? Porquê?
Porque a alegria de viver transformou-se numa possibilidade tão remota que cantamos, a "possibilidade".
- a que gostaríamos de ter
- a que perdemos
- a que nunca tivemos
então, cantamos o desgosto. Não admira que o Fado se candidato a património imaterial mundial.
Continuamos a validar a nossa dor e o nosso medo, alimentando o que nos faz sofrer.
Por isso se diz que o fado é sentido, é da alma que vem de dentro e que o cantor, o bom cantor, tem de sentir sofrido quando o canta... que gostamos de ouvir, é a duplicação da nossa dor. Há povos que contratam carpideiras, noutros tempo também já o fizemos, nós, preferimos, o Fado.
Mesmo as canções de samba, de amor, etc, estão impregnadas de uma cultura de sofrimento, dor e lamentação.
Os cânticos de louvor (+/- , religiosos) falam de expiação ou de aclamação, de um "outro" que esperamos nos oiça!!! e que nos permita, redimir-mo-nos.
E não é por se por uma banda, ou até mesmo uma orquestra por detrás a tocar, que as canções deixam de ter as letras que têm...
Isso, é tão só, uma amostra, do que dentro de nós vai.
Construimos sociedades inteiras e civilizações, assentes no medo. A cultura do medo.
- se não tens
- se não és
- se não fazes
- se não te apresentas
- se não falas
é uma cultura, inteiramente exclusivista.E o mais grave é que isso, começa nas famílias.
- temos de estar à altura
- temos de ser os maiores
- temos de ser os mais bonitos
- temos de agradar a algo ou alguém
- ou estamos fora.
É assim que vivemos toda ma existência, fechados dentro de uma caixa de julgamentos constrangedores.
o medo de não sobreviver nestas condições atingiu a loucura.
Pagamos pela doença em vez de pagar pela saúde (quando estamos bem).
Não admira, por isso, que toda a nossa cultura esteja assente num cantar lacrimoso em vez de Amoroso, alegre, e feliz.
Continuamos a alertar os outros para que eles compreendam e deles só recebemos a sua dor.
Largar a dor que recebemos é mais difícil do que não a carregar.
Porquê?
- porque sim
- porque tem de ser
- o que tem de ser tem muita força
- porque aprendi assim
- assim tem de ser
- foi assim que me ensinaram
e podemos continuar por aqui que é uma fila de "saídas" das mais irresponsáveis possíveis.
Porquê?
- porque no fundo, todos, sabemos a verdade
- todos conhecemos de onde provém
- mas não escutamos
- não queremos ver
- dá muito trabalho olhar o escuro que há em nós
- chamam-lhe de lado sombra
- que é muito importante.
- sim, para continuar a perpetuar o que carregamos e tornar-mo-nos mais fortes e possantes para o podermos fazer.
Quando nos tornaremos, leves?
Quando sorrir se tornou, um problema?
Quando estamos dispostos a deixar de ver a nossa vida, crenças e opiniões através do nosso mundo limitado à nossa dor?
Quando estaremos disponíveis para nos deixarmos de vitimizar como se não houvesse alternativa?
Há alternativa!
Ela, existe!
Dá trabalho!
requer meter a mão!!!
É necessário ousar sair do nosso comodismo e segurança.
Ousar olhar o nosso lado oculto, o das sombras, e trazer ao de cima uma compreensão dos factos que liberta.
Tenho conhecido muitas pessoas ao longo da minha vida.
Todas se queixaram sempre, de algo.
Todas, me tentaram, sempre, impingir algo! Algo que eu sabia no meu íntimo, que era falso. Não funcionava, não era assim.
Por o dizer, colocaram-me de lado, como se eu não pudesse fazer parte dos que crêem da mesma forma ou maneira.
Ou és como nós, ou és contra nós. E depois fazemos isto, associa-mo-nos para criar força para não nos sentirmos fragéis até descobrirmos que o que era uma questão de sobrevivência se tornou uma, dependência. Mas, qual a surpresa? Não é sempre assim?
Há medida que fui tomando conhecimento das técnicas de canto e a sua pedagogia inerente, fui descobrindo que só por isso, as pessoas não melhoravam, o seu tom.
Era portanto, fundamental, estimular o seu foco para algo apelativo, ousado e criativo, o que se faz em coaching. Um pouco como, sair do drama do cantar.
Aliás é o que os grandes treinadores, gestores fazem.
descontextualizam os dramas para dar outros dramas que sirvam o propósito de "alguma vitória". Fazem-nos sentir como se estivéssemos protegidos e ancorados nessa protecção; por eles, até damos a camisola.
Mas continua a ser um drama.
E é assim que continuamos a cantar, a falar e a viver.
Pior.
É assim que continuamos a respirar.
então, porque continuamos a fazer valer o nosso drama?
Porque é ele assim tão importante ao ponto de termos de o impor aos outros?
porque não lidamos com ele, sozinhos?
Porque precisamos de ter amigos?
- para nos sentirmos reconhecidos?
- para temos para onde de quem atirar os nossos problemas?
- para podermos continuar a fazer de vítima?
É para isso que nos associamos com outros?Para nos sentirmos mais fortes?
Onde então reside a nossa força?
Na cor de uma camisola, credo, país, empresa ou família?
Se a força com que nascemos para viver não é livre, espontânea e curiosa, vai servir o medo, a cobiça a inveja e o ciume.
Em consulta, contam-me sempre as histórias mais incríveis.
Ou são vítimas ou são culpados. As duas partes da mesma moeda.
1º que consiga fazer crer à pessoa que o seu drama, não é real... leva o seu tempo.
É por vivermos cada qual na sua realidade que a verdade se torna adequada a cada um do seu ponto de vista/opinião/julgamento/crença.
Ora a verdade, está-se perfeitamente a borrifar para isso.
Para a verdade, é irrelevante a forma como nós nos colocamos perante ela.
A verdade é a verdade, independentemente de cada um de nós. A verdade é, um facto!!!!
É através da nossa realidade subjectiva que a verdade se torna distorcida.
É através dessa distorção que vivemos.
É através dessa vivência que andamos às, apalpadelas.
Por isso temos tanta necessidade de nos sentirmos, seguros.
A sensação de insegurança está directamente relacionada com a nossa distorção da realidade que é relativa.
Por ser relativa, é frágil.
E isso, mete um medo atroz.
Quando comecei a fazer Constelações Sistémicas Fenomenológicas na área da família, descobri o que leva as pessoas a cantar como canta e a expressar-se como se expressam.
descobri também o que dentro de mim, guardava e retia, que não sendo meu, carregava e me fazia agir, por impulso condicionado.
Logo aí fez-se-me luz sobre os condicionamentos de cada uma das pessoas, famílias, empresas, grupos, nações e países.
Os vínculos que criamos criam dependência, não libertação.
A liberdade pela qual o Homem tanto anseia está mesmo à sua beira, mas quanto mais perto, com quanto mais força contra ela, actua.
Este paradigma do sabotador interno é incutido em nós.Sentimos uma necessidade incrivel de redimir questões passadas, nossas, de família ou outras de tal forma que chega a ser violento.
Basta abrir os jornais e ver.
Quanto mais amor demos, mais dor tomamos.
A Criança tem uma quantidade incrivel de amor para dar, mas ainda não nasceu e já está a receber informação de como aonde e de que forma a deve entregar. Alguém sofre e precisa de ser aliviado dessa dor. e a Criança, dá-a.
A partir desse momento vamos começar uma viagem ao encontro do "reaver" do que demos. Desse amor tão puro quanto primeiro.
A partir desse momento iremos fazer tudo para o reavermos e a forma, é mesmo uma questão de semântica. Vale TUDO. E TUDO é mesmo TUDO!!!
Passa a ser uma questão de estratégia.
Da necessidade de reaver esse Amor desenvolve-se o ego com as características com as quais vimos aprender a lidar com elas, em nós e nos outros.
Vejamos assim.
Nasci com uma maçã e sou branco.
Porque alguém tem fome dei a maçã. Mas passei a ficar com fome. E essa maçã que era minha foi dada, em troca com que fiquei? Com fome. Com a fome que era do outro.
Nasci branco, podia ser azul, verde, preto ou amarelo dá no mesmo, se as minhas características são as de ser branco, será a partir do ser branco que irei procurar reaver, a todo o custo a maça que me alivia da fome.
Como a maçã foi dada, preciso que alguém me dê. Como a quem dei não me dá, excepto fome, ando toda a minha vida com fome à procura de que alguém me dê. Entretanto vou adquirindo outras coisas que não a maçã original e com elas me vou enchendo, às vezes empaturrando.
Um dia, terei filhos. Alguém me dará uma maçã, mas como já estou cheio de fome e de coisas que não a matam, quando a recebo, dou o que tomei; as coisas da fome.
Óbvio.
Neste ciclo o medo de não reaver a maçã vai contribuindo para que vá apossando-me de coisas.
- das que me dão
- das que tomo
- das que adquiro
- das que peço
- das que fujo
são tão válidas umas, como outras.
por isso se diz que os filhos são a oportunidade dos pais adquirirem o que perderam ou não puderam ser/ter/fazer.
da mesma forma como nós e os antepassados antes de nós, os nossos filhos tomam de nós, o mesmo medo.
E é engraçado como eles nos vão alertando para o medo que temos e que de forma alguma, para eles, faz sentido.
Tal como nós, um dia, fugirão dos pais, ou cuidarão deles, com o maior dos zelos
Nós fazemos parte de um todo maior do que o indivíduo.
Mas é o indivíduo que é chamado a "sair" da casca do medo dos outros e a rebelar-se contra esse medo.
Tornando-o um companheiro de viagem de regresso a casa ao local de origem onde, ele, mora.
Entregá-lo é a nossa missão.
Devolvê-lo a oportunidade para os outros o entregarem por sua vez.
Retê-lo é a perdição do indivíduo.
Quanto mais livres formos das coisas de uns dos outros mais seres plenos e individuais somos, para numa verdadeira liberdade partilharmos, a vida.
A VISÃO SISTÉMICA integra tudo e todos de todos os tempos e procura as causas da desarmonia em cada indivíduo nos vários sistemas/dinâmicas da vida.
Traz ao de cima e permite aclarar o que na sombra/oculto continua a promover desequilíbrio, esforço, tensão e a falta do mais importante, Amor e Liberdade.
Tenho constantado a crescente harmonia em cada um e nos seus vários sistemas de intervenção de todos quantos os que já aderiram a aceitar/abraçar esta metodologia intervir nas suas vidas.
É certo que ainda há muito ego, desconhecimento e receio. Mas aqueles que acolhem, acabam acedendo e proporcionando a outros aceder, a uma paz e harmonia interior.
O trabalho é sistémico, intervém ao nível dos vários sistemas, mas também de consciência.
Do sair da dicotomia entre a boa e a má consciência.
penetrando mais fundo e acedendo a uma consciência única que procura sempre promover o equilíbrio, mesmo quando promove, o desequilíbrio.
Se alguém acusa alguém, o acusado, nunca será o único a sofrer de "acusação". No mínimo, um outro chegará, para gerar esse equilíbrio.
Por isso levamos uma vida de enorme esforço.
Há que compensar os disparates e os esforços que fazemos, para repor a "maçã"...
Uma FORMAÇÃO em VISÃO SISTÉMICA vai permitir tomar mais consciência do nível de profundidade de intervenção dos nossos pensamentos, emoções e acções.
Como estão conectados a tudo.
Desde a nossa saúde, à riqueza material.
O Universo é perfeito e chama-nos,convida-nos a fazer parte dessa PERFEIÇÃO.
De que estamos à espera?
Para saber mais ver: